sábado, 9 de outubro de 2010

Meu compadre Bill


Olhos azuis, cabelos grisalhos, inegável carisma e uma linda e loira esposa. Na realidade, uma das figuras mais importantes do mundo. No entanto, para mim (aos oito anos de idade) Bill Clinton era muito mais que o presidente dos Estados Unidos da América: ele era o padrinho da minha tia Viviane.

Volta e meia eu ouvia a minha avó Terezinha comentar: "Esse meu compadre é muito bonito". Era só ligar a TV, aquele simpático senhor aparecer que: "Esse meu compadre é muito charmoso".

"Compadre"! Eu poderia ter pego um dicionário para consultar o significado dessa palavra, mas... A preguiça intelectual é mais do que perdoável para uma criança, que geralmente anseia pelas respostas rápidas (e nem sempre verdadeiras) dos adultos. "Vó, o que é compadre"?

- Ah, compadre é quando alguém é padrinho de um filho seu ou quando você é padrinho de um filho de um amigo seu. Entendeu?
- Então Bill Clinton é padrinho de algum dos seus filhos?

Adultos normais certamente negariam. Mas D. Terezinha resolveu aumentar o grau de fantasia de sua neta tão ingênua:

- É sim, meu amor. Ele é padrinho da sua tia Viviane.

E como criança nunca se contenta com qualquer resposta até que todas as suas dúvidas sejam esclarecidas:

- Mas se ele mora nos Estados Unidos e a senhora e Nane (apelido carinhoso de Viviane) moram aqui em Natal, como é que foi feito o batismo?
- Foi por procuração, minha filha. Eu mandei um papel, ele assinou e foi tudo autorizado pelo Papa.
- Ahhhh!!!

Que criança não acreditaria numa história contada (tão bem contada) pela avó? Foi então que passei alguns anos da minha vida acreditando que Bill Clinton era praticamente membro da família, afinal, ele era "compadre" da minha avó.

Até que apareceu uma certa estagiária na Casa Branca e...


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